sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Nossa mãe, Maria



Escrever sobre a Virgem Maria é falar da bondade de Deus que se manifesta à criatura humana a partir daquela jovem de Nazaré que nos incentiva “a viver atentos às coisas do alto”, a fim de participarmos da glória de Seu Filho e, consequentemente, também de sua glória. Aliás, a vida toda de Maria é dedicada a contemplação silenciada do mistério de Deus em sua vida e ao mesmo tempo resposta ativa e transformadora dentro de uma cultura carente de respostas certas para as situações de desprezo à vida plena. Ela age assim porque está sempre unida a Cristo. É o jeito de toda mãe que acompanha seu filho mesmo sendo Este divino. Maria é Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o povo ainda em caminho.
Contemplando Maria, nos animamos a viver atentos ao convite do cristo e a fazer tudo o que Ele nos mandar. Cristo nos abre as portas do Paraíso e Maria é a mulher bendita na simbologia da mulher vestida de sol.
Contudo, se por um lado é vestida de sol, ela viveu nosso dia-a-dia . Vemos Maria em Nazaré, num lar, com os compromissos domésticos e familiares. Ligada à família, parte para Hebron para ajudá-la. Maria leva o filho em seu seio, o Filho divino. É símbolo da vida cristã que, unida a Cristo, se faz serviço aos irmãos. É mestra de vida animando todo o povo cristão a ser presença de Deus em sua simplicidade. Quando as duas mães se encontram, o Espírito se manifesta como realizador da alegria da redenção: “O menino exultou de alegria em meu seio”, grita Isabel. Cada cristão que crê tem a presença do Espírito que transforma tudo em alegria.
Maria, tocada pelo Espírito proclamado por Isabel, canta o louvor de Deus que a escolheu na humildade. Nessas duas mulheres se realiza o milagre da fé: uma estéril e outra virgem são mães de filhos benditos. A presença do Espírito, levado pelos humildes, poderá fecundar um novo mundo, pois a misericórdia de Deus é para todas as gerações, como Deus prometeu aos nossos pais. Ela está no Céu, continua entre nós em seu jeito de trazer Jesus.
Na história de Maria, me chama a atenção à forma misteriosa e absolutamente clara que Deus encontra para se manifestar em nossa história. Segundo a narração dos evangelistas, Isabel reconheceu em Maria a Mãe do Senhor do mundo: “Como posso merecer que me visite a Mãe de meu Senhor?” A presença de Cristo Senhor em Maria é transformadora. Quando dizemos evangelho, proclamamos a alegria. Cristo, em Nazaré, disse que veio trazer uma boa notícia. Maria traz alegria a Isabel. Maria canta a obra de Deus através dela, reconhecendo que sua misericórdia se estende de geração em geração. Essa misericórdia é transformante. Maria, como estrela da evangelização, quer dizer, a primeira a indicar os caminhos da evangelização, mostra que se cria o paraíso na terra através da mudança de vida do povo. Deus não quer ninguém sofrendo nem pela prepotência (derrubou os potentes do trono) nem pela miséria (encheu de bens os famintos). Celebrar Maria, nossa mãe é elevar os necessitados na história. Ela está no céu, mas continua amorosa na terra como mãe, medianeira e consoladora. Ela estimula a buscar as coisas do alto. Por isso, com seu Filho, nós a aclamamos ditosa (Pr 31,28).



Pe. Antonio José Clementino
Vigário Paroquial da Paróquia Menino Jesus de Praga

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